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No tempo da minha infância

 brincadeiras de crianças
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal.
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal.
Hoje tudo é diferente,
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal!
Bebi leite ao natural,
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria!
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria…
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade,
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade.
A vida ficou sem graça,
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade.
Eu comi ovo à vontade,
Sem ter contra-indicação,
Pois o tal colesterol,
Pra mim, nunca foi vilão…
Hoje a vida é uma loucura!
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração…
Com a modernização,
Quase tudo é proibido,
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido…
Fazendo tudo o que eu fiz,
Hoje me sinto feliz,
Só por ter sobrevivido…
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir,
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir…
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir.
Vi o meu pai dirigir,
Numa total confiança,
Sem apoio, sem air-bag,
Sem cinto de segurança…
E eu, no banco de trás,
Solto, igualzinho aos demais,
Fazia a maior festança!
No meu tempo de criança,
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo,
Nem se ficava frustrado.
Quando isso acontecia,
A gente só repetia…
Até que fosse aprovado.
Não tinha superdotado,
Nem a tal dislexia…
E a hiperatividade
É coisa que não se via.
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria.
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira,
De uma fonte natural,
Ou até de uma mangueira…
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira.
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado,
Ter alguns dentes partidos,
Ou um joelho arranhado…
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado.
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos,
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos.
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos.
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã,
Sem usar cotoveleiras…
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras.
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha,
Bola de Gude e Pião,
De mocinhos e Cowboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão.
Eu cantei Cai-Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé,
Gata Pintada, Nesta Rua,
Pai Francisco e De Marré.
Também cantei Tororó,
Brinquei de Escravos de Jó
E do Sapo não lava o pé.
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar.
Peixe nenhum eu pegava,
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar.
Tomava banho de mar
Na estação do verão,
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão.
Não voltava bronzeado,
Mas com o corpo queimado,
Parecendo um camarão.
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia,
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia.
Não tinha vídeo-cassete,
Muito menos internet,
Como se tem hoje em dia.
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço…
Não existia ração,
Nem brinquedo feito osso.
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço.
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira,
Ou numa água bem fria,
Debaixo duma torneira.
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira.
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular.
De manhã ia pra aula,
Mas voltava pra almoçar.
Mamãe não se preocupava,
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar.
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade,
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante,
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade.
Mas hoje, a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança.
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos,
Num mundo sem esperança.
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo o que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez…
 (Ismael Gaião)

Vou pro mato

cura da terra

Não sei…

Não sei bem o que as pessoas pensam.

Não sei o que minhas filhas pensam.

Não sei o que meus filhos sentem.

Lá no fundo.

De verdade.

Não sei…

Mas olho a chuva caindo forte

e a sinto dentro de mim.

Olho um cão de rua, grande, forte e bonito.

Sinto-o muito triste.

Fico triste também

e não sei explicar meus porquês.

Então paro e deixo o pensamento

correr solto.

Sinto falta de algumas coisas.

Não tenho com quem ou não posso falar

dessas coisas que me afloram.

Sinto falta de criança em casa.

Aquela falta de vozes infantis

– que, diga-se de passagem –

até me incomodam por vezes.

Aquela falta de olhos e sorrisos,

mesmo que não sejam sempre os mais puros.

Pra mim são sempre muito bons.

Tenho de repetir:

– vou pro mato!

No mato vou chorar, vou rir.

No mato vou só olhar, nem ver.

As noites me comerão,

os dias serão passados.

Dias e noites… páginas.

O que não consigo é explicar.

Não tenho explicação.

Gosto… Não gosto.

Amo… Não amo.

Sou…

– algo ou alguém tão distante!

De novo tenho de falar:

– eu não sou daqui!

Sonia K.

Um homem e uma mulher

Este texto foi publicado pelo querido amigo Edson Marques em sua página do Facebook. Não faz parte de seus escritos, mas sei que ele concorda muito com o que está registrado. E eu me encantei com o que li, pois acho realmente que ter alguém só por ter ou pra ter, nunca valerá a pena.  Tem que haver uma real diferença para se concordar em estar e ficar. E isto eu considero para as pessoas no geral, independente da idade. Da adolescência à maturidade. SK

Mulher x Homem

Guarde sua criança

Quisera nunca permitir que se fosse, aquela jovenzinha que existia cheia de sonhos, romantismo, amores e quereres.

Queria mesmo que ela permanecesse pra sempre atuando e vivendo dentro de minha alma.

Tem dias que ainda a visualizo, mas em outros a perco de vista e fico com muita saudade.

Desejo que cada um consiga segurar por muito e muito tempo seu interior infantil,

pois creio que é por aí que existe a tão falada e sonhada felicidade,

mesmo que esta venha e seja  por períodos.

criança interior

Cheia de você

escreverVoltei a escrever!

Nada de tão importante, nenhuma obra de arte,

Mas depois de um longo e longo tempo,

Consegui voltar a escrever.

E isto é muito importante e bom pra mim.

É algo inerente ao meu ser que preciso sempre dar vazão.

Qualquer que seja o tema ou motivo.

E devia estar muito vazia de tudo,

Pois nada me levava a transmitir em letras.

Devo estar cheia novamente.

De idéias, de sonhos, de saudade, de amor, de raiva,

de ternura, de desejos…

De todos os sentimentos de que sou capaz.

Acho que estou cheia de você,

Meu sonho mais gostoso de sonhar.

Sonia K.

Saudade do Sonho

saudade

Saudade do meu menino.

Daquele que teci em meus sonhos.

Um pequeno grande homem.

Um alguém que me leva a sentir,

A amar, a querer.

Saudade dos toques que não são,

Vontade dos beijos que não chegam,

Desejo de um corpo que não é.

Fico aqui só sentindo,

Tendo saudade de um sonho.

Vontade de uma voz que me fala,

De um abraço que me toca,

De uma boca que me devora.

Saudade de um todo que não se realiza.

Vontade de ser com um ser que não está.

Acaba sendo dor esta paixão latente.

Acaba sendo patente esta dor de paixão.

Sonia K.

Hoje – Dia do Idoso (1 de outubro)

idoso

É o segundo ano que presto atenção a esta data.

Será que realmente estou ficando idosa?

Prefiro pensar que estou chegando à “IDADE CERTA” – como era o título do blog de um amigo recentemente mudado para outros planos, mas muito querido e admirado.

Afinal a questão de estar ou ser idoso ou velhinho é algo que está lá dentro de cada alma. Tem jovens já muito envelhecidos de tão descrentes, de tão sem sonhos e objetivos. Tem idosos tão cheios de vida, de vontade de viver, de usar cada momento de sua vida para criar oportunidades de sorrir, de amar, de trocar sentimentos, que ficam sempre mais e mais jovens.

Se não me engano Chico Anisio falou uma vez que a gente devia nascer velho e ir remoçando até voltar ao útero materno. Algo assim como o filme Benjamin Button. Eu já havia ouvido isso há muitos e muitos anos atrás, quando eu era menina e fui ao teatro numa apresentação do Colé (comediante que fazia sucesso na década de 50) e sempre guardei na memória. Na ocasião, na minha imaginação de menina, teci as imagens que ficaram calcadas pra sempre.

Acho que não gostaria de ter nascido velha e estar agora no período de jovem. Seria uma experiência bastante melancólica no meu conceito. Creio que o passar do tempo nos dá aquela maturidade  de uma visão mais tranquila com relação a tudo.

Lógico que vamos ficando mais temerosos do fim, principalmente quando começamos a sofrer perdas de pessoas queridas que nos acompanhavam até então. Essas perdas começam a ter um efeito muito maior e mais profundo. Causam um abalo em nossas estruturas internas. Mas, mesmo assim, ainda acho que a maturidade é uma dádiva.

Gostoso poder fixar os olhos no passado e reviver momentos lindos. Relembrar e contar sobre grandes amores e aventuras vividas, sobre trabalhos realizados, sobre alegrias inesquecíveis, viagens feitas com a alma e coração vibrando.  Os momentos não bonitos se transformam em experiências de vida e pequenas histórias que a gente conta para os filhos e netos até citando como exemplos do que não é bom fazer ou deixar acontecer.

Hoje me olho no espelho e vejo as rugas que se formaram em torno dos olhos e penso que assim é porque ri muito pelos dias afora. As pequenas rugas que se instalam na vertical das faces marcam realmente o tempo que foi passando; os cabelos brancos que acho lindos em homens e mulheres emolduram o rosto e dão especial toque ao olhar. Os passos que já são mais lentos e cuidadosos fazem parte de uma trajetória que também foi de cansaço se instalando. E, de uma certa forma, os idosos vão ficando novamente crianças na insegurança do andar, na querença de carinho e ternura dos que os cercam, na carência de atenção para seus sentimentos e palavras.

É então que brota a certeza de que cada tempo tem suas belezas, seus encantos, seus sonhos e sutilezas. E como o caminho é tão somente em frente, quero deixar aqui todo meu carinho e um abraço cheio de ternura para todos meus amigos que também estão na IDADE CERTA, comemorando essa data instituída com merecimento: DIA DO IDOSO.

Gosto de Saudade

Saudade tem tudo a ver com a vida

que exige ser vivida dentro da gente a cada dia.

E com muita vida se sente saudade do que foi e do que virá.

Saudade dos dias passados assim como de futuros.

Saudade de quem se conhece

e de quem ainda não tivemos proximidade real.

É sentimento gostoso que afaga a alma

mesmo quando provoca uma lágrima teimosa

e com a mesma intensidade trás um sorriso maroto.

Gosto muito da saudade que me acaricia

e me faz reviver o que quero e o que ainda vou viver.

saudade

Letícia Thompson

Não sei se saudade tem cor.

Dizem que sim.

O que eu sei é que ela tem forma. Tem gosto. Tem cheiro. E peso também.

E, acreditem, ela tem asas!

Se não, como nos transportaria tantas vezes a lugares tão distantes?

E sei ainda que ela se agiganta quando mais tentamos diminuí-la.

Sei que ela dói de dor intensa e sem remédio.

Se não fosse ela, não sei se teríamos consciência do tamanho da importância das pessoas pra gente.

Porque quando amamos alguém, a saudade já chega por antecipação, sorrateira, disfarçada de algo que não conseguimos decifrar.

É aquela dor fininha de não sei o quê, a angústia boba que nos invade só de imaginar a separação.

E a gente fica meio sem saber o que fazer.

Mas é assim… É uma dor que gostamos de sentir, um sabor que queremos provar, é algo que não sabemos explicar, mas é quase palpável.

É amor disfarçado de muita coisa.

São emoções guardadas bem lá no fundo.

Saudade… Do que foi e do que vai ser.

Saudade que nos acompanha pra diminuir a solidão e que nos mostra, sobretudo, que estamos vivos.

Aprendi ainda que saudade não mata.

É só quase.

A gente pensa que vai morrer, mas sobrevive sempre,

porque ela traz escondidinha nela uma outra coisa que chamamos de esperança,

que nos ajuda a caminhar, porque saudade, como o amor, não é cega, saudade vê mais além.

 

Oswaldo Amaral – IDADE CERTA

oswaldo amaralMeu amigo, minha amiga, vou tentar me apresentar em rápidas palavras. Próximo dos setenta, já estou me acostumando com a ideia de ser chamado de septuagenário (parece um palavrão, mas não é!). No decurso desse tempo, casei, tive quatro filhos, dei aulas de ciências e biologia (escrevi 8 livros didáticos), mas sempre me interessei (e muito) por inúmeros outros assuntos, o que fez de mim, sem falsa modéstia, um autodidata muito respeitado pelas centenas de amigos e amigas que amealhei, particularmente, por meio dos programas de rádio que apresentei por muitos anos, em diferentes emissoras. De um desses programas, surgiu um livro (edição esgotada) chamado “Melhores Momentos do Programa “Nova Era”, que se traduziu numa coletânea dos textos mais apreciados pelos ouvintes (muitos deles você encontra neste blog). Como sou de opinião que não se deve nunca “pendurar as chuteiras” (salvo quando for chamado lá de cima), aqui estou para, por meio deste blog, tentar passar aquilo que aprendi durante sete décadas, e “trocar figurinhas”, como se diz popularmente, com você. Gostaria imensamente que o amigo ou amiga participasse deste blog com suas experiências, idéias e sugestões. Não quero ser apenas “uma voz que clama no deserto”, por isso, lhe peço, me ajude a construir um “ponto de encontro” onde amigos trocam idéias e experiências. A propósito, meu nome é Oswaldo Amaral. Mas pode me chamar de amigo. Venha comigo!

Este é um amigo querido que conheci só virtualmente, mas que seguia seu blog com constância, fazendo comentários em quase todos os temas que ele abordava e o recebia aqui em meu blog com comentários sempre muito gentis e carinhosos.

Ontem, 30/abril, me surpreendi com a informação através de outro amigo comum, Marcio Taconi que o Oswaldo foi dar continuidade em seus trabalhos mas agora em outro plano.

Fiquei muito e muito triste. Gostava de conversar com ele e, por incrível que pareça, as amizades que a gente vai fazendo virtualmente, em muitos casos se transformam em profundas e parece que conhecemos as pessoas de longa data.

Sei que vou sentir bastante a falta dele, de seu blog, dos papos que tínhamos via blogs e e-mails. Ele era bastante esclarecido e espiritualizado e então, com certeza, foi em paz e estará continuando seu caminho de luz e distribuindo seus saberes.

A forma que encontrei de lhe enviar carinho e fazer uma homenagem foi incluir sua foto e a apresentação dele mesmo no blog IDADE CERTA, aqui em meu blog que tantas vezes ele visitou e comentou.

Grande abraço, amigo Oswaldo. Obrigada pelas palavras que trocamos, pelo carinho que sempre teve com todos seus leitores e parabéns pelos trabalhos que realizou por aqui. Vá em paz, sabendo que deixou amigos e saudade.

Um pouco de tudo

A vida nos leva por caminhos os mais diversos. E vamos colhendo as flores, espinhos e até mesmo a terra que contém todas as fases e bases. No caminhar e na colheita, nada melhor do que podermos trazer muito do que gostamos, fomos, conhecemos e sentimos.  É o melhor acervo que podemos manter da vida. Num dia qualquer parar,  olhar e acariciar em sonhos tudo de novo.

pequeno principe