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Vou pro mato
Não sei…
Não sei bem o que as pessoas pensam.
Não sei o que minhas filhas pensam.
Não sei o que meus filhos sentem.
Lá no fundo.
De verdade.
Não sei…
Mas olho a chuva caindo forte
e a sinto dentro de mim.
Olho um cão de rua, grande, forte e bonito.
Sinto-o muito triste.
Fico triste também
e não sei explicar meus porquês.
Então paro e deixo o pensamento
correr solto.
Sinto falta de algumas coisas.
Não tenho com quem ou não posso falar
dessas coisas que me afloram.
Sinto falta de criança em casa.
Aquela falta de vozes infantis
– que, diga-se de passagem –
até me incomodam por vezes.
Aquela falta de olhos e sorrisos,
mesmo que não sejam sempre os mais puros.
Pra mim são sempre muito bons.
Tenho de repetir:
– vou pro mato!
No mato vou chorar, vou rir.
No mato vou só olhar, nem ver.
As noites me comerão,
os dias serão passados.
Dias e noites… páginas.
O que não consigo é explicar.
Não tenho explicação.
Gosto… Não gosto.
Amo… Não amo.
Sou…
– algo ou alguém tão distante!
De novo tenho de falar:
– eu não sou daqui!
Sonia K.
Um homem e uma mulher
Este texto foi publicado pelo querido amigo Edson Marques em sua página do Facebook. Não faz parte de seus escritos, mas sei que ele concorda muito com o que está registrado. E eu me encantei com o que li, pois acho realmente que ter alguém só por ter ou pra ter, nunca valerá a pena. Tem que haver uma real diferença para se concordar em estar e ficar. E isto eu considero para as pessoas no geral, independente da idade. Da adolescência à maturidade. SK
Guarde sua criança
Quisera nunca permitir que se fosse, aquela jovenzinha que existia cheia de sonhos, romantismo, amores e quereres.
Queria mesmo que ela permanecesse pra sempre atuando e vivendo dentro de minha alma.
Tem dias que ainda a visualizo, mas em outros a perco de vista e fico com muita saudade.
Desejo que cada um consiga segurar por muito e muito tempo seu interior infantil,
pois creio que é por aí que existe a tão falada e sonhada felicidade,
mesmo que esta venha e seja por períodos.
Cheia de você
Voltei a escrever!
Nada de tão importante, nenhuma obra de arte,
Mas depois de um longo e longo tempo,
Consegui voltar a escrever.
E isto é muito importante e bom pra mim.
É algo inerente ao meu ser que preciso sempre dar vazão.
Qualquer que seja o tema ou motivo.
E devia estar muito vazia de tudo,
Pois nada me levava a transmitir em letras.
Devo estar cheia novamente.
De idéias, de sonhos, de saudade, de amor, de raiva,
de ternura, de desejos…
De todos os sentimentos de que sou capaz.
Acho que estou cheia de você,
Meu sonho mais gostoso de sonhar.
Sonia K.
Saudade do Sonho
Saudade do meu menino.
Daquele que teci em meus sonhos.
Um pequeno grande homem.
Um alguém que me leva a sentir,
A amar, a querer.
Saudade dos toques que não são,
Vontade dos beijos que não chegam,
Desejo de um corpo que não é.
Fico aqui só sentindo,
Tendo saudade de um sonho.
Vontade de uma voz que me fala,
De um abraço que me toca,
De uma boca que me devora.
Saudade de um todo que não se realiza.
Vontade de ser com um ser que não está.
Acaba sendo dor esta paixão latente.
Acaba sendo patente esta dor de paixão.
Sonia K.
Hoje – Dia do Idoso (1 de outubro)
É o segundo ano que presto atenção a esta data.
Será que realmente estou ficando idosa?
Prefiro pensar que estou chegando à “IDADE CERTA” – como era o título do blog de um amigo recentemente mudado para outros planos, mas muito querido e admirado.
Afinal a questão de estar ou ser idoso ou velhinho é algo que está lá dentro de cada alma. Tem jovens já muito envelhecidos de tão descrentes, de tão sem sonhos e objetivos. Tem idosos tão cheios de vida, de vontade de viver, de usar cada momento de sua vida para criar oportunidades de sorrir, de amar, de trocar sentimentos, que ficam sempre mais e mais jovens.
Se não me engano Chico Anisio falou uma vez que a gente devia nascer velho e ir remoçando até voltar ao útero materno. Algo assim como o filme Benjamin Button. Eu já havia ouvido isso há muitos e muitos anos atrás, quando eu era menina e fui ao teatro numa apresentação do Colé (comediante que fazia sucesso na década de 50) e sempre guardei na memória. Na ocasião, na minha imaginação de menina, teci as imagens que ficaram calcadas pra sempre.
Acho que não gostaria de ter nascido velha e estar agora no período de jovem. Seria uma experiência bastante melancólica no meu conceito. Creio que o passar do tempo nos dá aquela maturidade de uma visão mais tranquila com relação a tudo.
Lógico que vamos ficando mais temerosos do fim, principalmente quando começamos a sofrer perdas de pessoas queridas que nos acompanhavam até então. Essas perdas começam a ter um efeito muito maior e mais profundo. Causam um abalo em nossas estruturas internas. Mas, mesmo assim, ainda acho que a maturidade é uma dádiva.
Gostoso poder fixar os olhos no passado e reviver momentos lindos. Relembrar e contar sobre grandes amores e aventuras vividas, sobre trabalhos realizados, sobre alegrias inesquecíveis, viagens feitas com a alma e coração vibrando. Os momentos não bonitos se transformam em experiências de vida e pequenas histórias que a gente conta para os filhos e netos até citando como exemplos do que não é bom fazer ou deixar acontecer.
Hoje me olho no espelho e vejo as rugas que se formaram em torno dos olhos e penso que assim é porque ri muito pelos dias afora. As pequenas rugas que se instalam na vertical das faces marcam realmente o tempo que foi passando; os cabelos brancos que acho lindos em homens e mulheres emolduram o rosto e dão especial toque ao olhar. Os passos que já são mais lentos e cuidadosos fazem parte de uma trajetória que também foi de cansaço se instalando. E, de uma certa forma, os idosos vão ficando novamente crianças na insegurança do andar, na querença de carinho e ternura dos que os cercam, na carência de atenção para seus sentimentos e palavras.
É então que brota a certeza de que cada tempo tem suas belezas, seus encantos, seus sonhos e sutilezas. E como o caminho é tão somente em frente, quero deixar aqui todo meu carinho e um abraço cheio de ternura para todos meus amigos que também estão na IDADE CERTA, comemorando essa data instituída com merecimento: DIA DO IDOSO.
Gosto de Saudade
Saudade tem tudo a ver com a vida
que exige ser vivida dentro da gente a cada dia.
E com muita vida se sente saudade do que foi e do que virá.
Saudade dos dias passados assim como de futuros.
Saudade de quem se conhece
e de quem ainda não tivemos proximidade real.
É sentimento gostoso que afaga a alma
mesmo quando provoca uma lágrima teimosa
e com a mesma intensidade trás um sorriso maroto.
Gosto muito da saudade que me acaricia
e me faz reviver o que quero e o que ainda vou viver.
Não sei se saudade tem cor.
Dizem que sim.
O que eu sei é que ela tem forma. Tem gosto. Tem cheiro. E peso também.
E, acreditem, ela tem asas!
Se não, como nos transportaria tantas vezes a lugares tão distantes?
E sei ainda que ela se agiganta quando mais tentamos diminuí-la.
Sei que ela dói de dor intensa e sem remédio.
Se não fosse ela, não sei se teríamos consciência do tamanho da importância das pessoas pra gente.
Porque quando amamos alguém, a saudade já chega por antecipação, sorrateira, disfarçada de algo que não conseguimos decifrar.
É aquela dor fininha de não sei o quê, a angústia boba que nos invade só de imaginar a separação.
E a gente fica meio sem saber o que fazer.
Mas é assim… É uma dor que gostamos de sentir, um sabor que queremos provar, é algo que não sabemos explicar, mas é quase palpável.
É amor disfarçado de muita coisa.
São emoções guardadas bem lá no fundo.
Saudade… Do que foi e do que vai ser.
Saudade que nos acompanha pra diminuir a solidão e que nos mostra, sobretudo, que estamos vivos.
Aprendi ainda que saudade não mata.
É só quase.
A gente pensa que vai morrer, mas sobrevive sempre,
porque ela traz escondidinha nela uma outra coisa que chamamos de esperança,
que nos ajuda a caminhar, porque saudade, como o amor, não é cega, saudade vê mais além.
Oswaldo Amaral – IDADE CERTA
Este é um amigo querido que conheci só virtualmente, mas que seguia seu blog com constância, fazendo comentários em quase todos os temas que ele abordava e o recebia aqui em meu blog com comentários sempre muito gentis e carinhosos.
Ontem, 30/abril, me surpreendi com a informação através de outro amigo comum, Marcio Taconi que o Oswaldo foi dar continuidade em seus trabalhos mas agora em outro plano.
Fiquei muito e muito triste. Gostava de conversar com ele e, por incrível que pareça, as amizades que a gente vai fazendo virtualmente, em muitos casos se transformam em profundas e parece que conhecemos as pessoas de longa data.
Sei que vou sentir bastante a falta dele, de seu blog, dos papos que tínhamos via blogs e e-mails. Ele era bastante esclarecido e espiritualizado e então, com certeza, foi em paz e estará continuando seu caminho de luz e distribuindo seus saberes.
A forma que encontrei de lhe enviar carinho e fazer uma homenagem foi incluir sua foto e a apresentação dele mesmo no blog IDADE CERTA, aqui em meu blog que tantas vezes ele visitou e comentou.
Grande abraço, amigo Oswaldo. Obrigada pelas palavras que trocamos, pelo carinho que sempre teve com todos seus leitores e parabéns pelos trabalhos que realizou por aqui. Vá em paz, sabendo que deixou amigos e saudade.
Um pouco de tudo
A vida nos leva por caminhos os mais diversos. E vamos colhendo as flores, espinhos e até mesmo a terra que contém todas as fases e bases. No caminhar e na colheita, nada melhor do que podermos trazer muito do que gostamos, fomos, conhecemos e sentimos. É o melhor acervo que podemos manter da vida. Num dia qualquer parar, olhar e acariciar em sonhos tudo de novo.